A maioria não está acima da moral
CBN Maringá

Opinião

A maioria não está acima da moral

O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 29/11/2024 - 08:00

Pode a democracia acabar com a democracia?

Pode o poder da maioria votar pelo fim da escolha e impor sobre a sociedade um datador para que ele governe como uma ditadura comunista inspirada na China ou na Coreia do Norte? Pode a democracia tolerar governos como o da Venezuela, de Nicolás Maduro? Enfim, pode a democracia cabar consigo mesmo e por fim eleger um datador que estabeleça um regime nazista ou fascista?

Não, a maioria não está acima da moral. A liberdade não se extingue por decreto de quem é livre. E, da forma como considero correto. Mesmo quando negamos a nossa liberdade não podemos negar nossa escolha de nos isentamos de escolher. Enfim, somos condenados à liberdade.

A grande questão é o que vamos fazer com a liberdade? Até onde podemos ir com a condição de ser livre e agir da maneira que consideramos adequada. É aí que se estabelece a máxima, “aquele que pratica a ação tem valores ou não”? 

A liberdade é uma condenação e a consciência uma prisão.

O problema nunca foi a liberdade, mas o que fazemos com ela. Quanto ao poder de escolha é isso que nos diferencia dos animais. Eles nascem com sua essência definida, nós, seres humanos, construímos a nossa ao longo do nosso tempo, ao longo de nossas escolhas.

Por isso, na democracia a liberdade é condição da qual não podemos abrir mão. E se fizermos isso, estamos demonstrando o quanto somos fracos por não suportar a nossa autonomia diante da escolha. Um ser que não suporta sua liberdade não tem dignidade, não tem valores.

Em uma democracia que se discute o fim dela mesma está instalada a falência da essência do cidadão, o respeito aos seus direitos e sua liberdade de expressão, de opinião, de locomoção e de propriedade. 

Sim, muitos dos que defendem um governo autoritário para defender a propriedade podem estar dando um tiro no próprio pé. Se permitirmos o autoritarismo se elevar e gerar uma exceção, a garantia da propriedade, universal e legítima, já não tem mais sustentação. 

São tolos os que defendem o autoritarismo, mais tarde, serão eles mesmos que vão implorar por liberdade e lutaram contra a ditadura que ajudaram a construir.

 

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