Opinião
Há conflito de gerações no mercado de trabalho?
O comentário de Gilson Aguiar por Gilson Aguiar em 17/01/2024 - 10:30
A novidade são os mais velhos.
A cena não é incomum, em uma empresa o trabalho lado a lado entre as pessoas com mais de 50 e os que tem menos de 30 é um cenário crescente. Você pode considerar que não há nada de estranho, isso é uma realidade em muitos ambientes de trabalho, porém, nem sempre harmônica.
Contudo, a presença de pessoas com mais de 50 é comum em alguns ambientes de trabalho mais que em outros. E quanto mais a relação profissional envolve o uso de tecnologia e ações ligadas ao meio digital, os mais jovens predominam sem muita paciência com os mais velhos. Quando a questão é a resiliência, foco e hierarquia os mais velhos demonstram mais eficiência e lançam suas críticas aos mais jovens.
Nas conversas no café, nas empresas, não é incomum as farpas de lado a lado. Os mais velhos se sentem indignados com o comportamento que consideram “irresponsável” e de pouco comprometimento dos mais jovens. Já, por parte dos mais jovens, a crítica é a falta de agilidade com os meios tecnológicos e os valores expressos pelos mais velhos na relação pessoal.
Falas preconceituosas são ditas de lado a lado neste ambiente de conflito geracional. Os dois lados se conhecem pouco, viveram em sua formação humana realidades da vida pessoal e profissional bem distintas em um curto espaço de tempo. Bastaram duas a três décadas para as relações de trabalho mudaram em muitos aspectos. Só isso, já é tema para uma outra conversa.
Os mais velhos estão se tornando a maioria.
A questão é que o número de pessoas com mais idade dentro do mercado de trabalho está crescendo depois da pandemia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad-Contínua), mostram que os mais velhos, com mais de 60 anos, eram 17,4% da força de trabalho em 2019, e em 2023 passaram a ser 19,1%.
Se considerarmos a participação da população com mais de 40 anos no mercado de trabalho, o índice saiu de 38,6% em 2019 para 45,1%. E a tendência é de crescimento dos mais velhos com uma carreira profissional mais longeva. Trabalhar por mais tempo é uma realidade que a grande maioria de nós irá encarar.
Logo, os mais jovens e os mais velhos terão que criar um canal de comunicação eficiente. Conversar de maneira mais assertiva. Gerar resultados trabalhando juntos e contribuindo com o que tem de melhor para que a vida profissional seja um aprendizado para os dois lados. E, é perceptível, que os mais jovens e os mais velhos tem muito o que aprender um com o outro.
O que precisamos, não só nas empresas, mas no dia a dia, é gerar um canal de comunicação entre as pessoas. Fazer com que os dois lados geracionais se conheçam e se permitam conhecer. E, conhecimento aqui não é se colocar no lugar do outro. Não temos que entrar na intimidade de ninguém para respeitá-lo. O que precisamos é compreender a lógica de valores e sentidos que os seres humanos que estão ao nosso lado tem.
Não temos a prática de ouvir as outras pessoas e sim de projetar nelas nossos interesses. Rotulamos e generalizamos os seres humanos a nossa volta. Pagamos o preço desta condição que é o conflito. Então, já passou da hora de superarmos isso.
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