Até parecia uma Copa do Mundo. Várias línguas, dialetos e pessoas. Era o 1º Torneio Mundo Sem Fronteiras. Numa preleção antes da partida, o treinador explicava o que queria. A reportagem bem que tentou entender, mas não deu.
Claro, eles falavam em crioulo, uma das línguas oficiais do Haiti. O treinador do time composto por haitianos, Maquenzi, queria o melhor da equipe, ele explicou depois.
Seis times participaram da primeira fase do torneio, divididos em dois grupo A grande final é no domingo que vem no estádio Willie Davids. A organização é da Associação dos Estrangeiros Residentes em Maringá e Região. O torneio é para celebrar a amizade, explicou o Ronelson Furtado, de Guine-Bissau, presidente da associação.
Os times foram compostos por haitianos, angolanos, brasileiros. Gente que decidiu morar no Brasil em busca de um futuro melhor. O Luckson Charles está há seis anos no Brasil. Ele veio do Haiti. E em nossas terras fez a carteira de habilitação e o filho nasceu.
Quem acompanhava do lado de fora às vezes não entendia o que era falado. Mas, dentro do campo, o futebol era a língua, o encontro entre os povos.
Os brasileiros querem vencer, claro, mas a confraternização é o que importa, disse o William Ribeiro.
O haitiano Emanuel Pedrestin, que está no Brasil há nove anos, disse que todo mundo quer jogar contra os brasileiros. Apesar da competição, vale mesmo é brincar, falou.
Na primeira partida entre Haiti e África, o Haiti saiu na frente. E o pessoal estava levando a sério – pedindo cartão pro adversário, reclamando quando o impedimento era marcado. Do lado de fora, os reservas só observavam. O Pedro Queiroz, de Angola que joga no time da África, falou que o time dele estava perdendo porque o time estava se entrosando ainda.
Para criar amizades e diminuir as mazelas, o futebol é um aliado. Um torneio como o desse domingo poderia ser levado para o planeta todo. Quem sabe assim o mundo não se tornaria melhor e mais igual.